Dr. Rodrigo Angerami
Nos últimos anos vem se consolidando a impressão de que patógenos emergentes, definitivamente, não se constituem um evento tão raro quanto o que previamente se conhecia.
Notadamente após a ampliação da utilização de técnicas laboratoriais fundamentadas em biologia molecular e análise genômica, o que se observa é não apenas um notável incremento na capacidade de diagnóstico, mas de identificação e caracterização de uma lista cada vez mais extensa de novos patógenos. SARS, MERS, Ebola, influenza H1N1 pandêmica de 2009, Zika, chikungunya… e agora o Novo Coronavírus, SARS-CoV-2.
Somem-se a eles, os reemergentes sarampo e febre amarela, os endêmicos vírus da dengue e a malária… O cenário de co-circulação em âmbito global de agentes emergentes e as doenças já bem conhecidas, mas não controladas, torna ainda mais desafiadoras não apenas as ações programáticas de prevenção e controle, mas também a prática clínica. Em um
mundo globalizado não apenas pessoas e mercadorias circulam em larga escala e com enorme agilidade.
Patógenos não respeitam fronteiras. Nesse contexto, se faz necessária a permanente e ágil atualização de profissionais da saúde acerca das “áreas quentes” com risco de transmissão de novos patógenos, onde surtos e epidemias locais podem figurar como potencial epicentro para disseminação em âmbito global.
Informes e boletins epidemiológicos oficiais sobre doenças e agravos certamente são fundamentais para informar, alertar e orientar profissionais da saúde nas atividades de assistência ao paciente. No entanto, várias outras iniciativas complementares devem ser conhecidas e potencialmente incorporadas como ferramentas para obtenção de informações epidemiológicas com maior agilidade e precisão. Sites e redes sociais chanceladas pelas sociedades médico-científicas reconhecidas vêm sendo de grande relevância, sobretudo pela robustez científica das informações divulgadas. Nesse grupo
de provedores de informações certamente se insere a SMCC e seu grande número de veículos de divulgação. Foi assim com a febre amarela, dengue, sarampo e, mais recentemente, as iniciativas em elaboração para o SARS-CoV-2.
HealthMap (https://healthmap.org/pt/), Google Flu Trends (https://www.google.org/flutrends/about/) e ProMED (https://promedmail.org/) são algumas outras iniciativas que buscam colaborar com a divulgação de informações em tempo real de eventos epidemiológicos com relevância em saúde pública em âmbito nacional e internacional.
Especificamente em relação ao ProMED, The Program for
Monitoring Emerging Diseases da International Society for Infectious Diseases, iniciado em 1994, trata-se de uma experiência pioneira para detecção digital de doenças, notadamente surtos, epidemias e doenças emergentes. O ProMED é considerado o maior sistema de detecção e divulgação de surtos e epidemias, sendo utilizado como fonte de informação para profissionais da saúde e pesquisadores e potencial ferramenta para tomada de decisões em distintas esferas governamentais.
Nos últimos 25 anos o ProMED foi o primeiro a reportar surtos
como SARS, MERS, Ebola, disseminação do Zika. Para tanto
o ProMED conta com moderadores de 32 países que identificam, avaliam e reportam diferentes eventos de importância em saúde pública em nível local e global. Para o Brasil e outros países lusófonos existe o ProMED-PORT que, além dos eventos de maior relevância global, prioriza a divulgação de
eventos epidemiológicos ocorridos em âmbito nacional.
Rodrigo Angerami. Médico infectologista, coordenador do Departamento
de Infectologia da SMCC e moderador do ProMED-PORT
Para saber mais sobre o ProMED-PORT, acesse https://promedmail.org/?lang=pt. Para se tornar, gratuitamente assinante do
ProMED-PORT acesse https://isid.org/promedmail-subs