SMCC promoveu Fórum para esclarecimentos em relação às vacinas e ao esquema de vacinação em Campinas

19 jan, 2021 | Notícias


Entidade disponibilizou suas sedes para servir de ponto de vacinação para profissionais de saúde

O XVII Fórum sobre Covid-19 da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC) aconteceu nesta segunda-feira (18/01) com objetivo principal de esclarecer dúvidas sobre as vacinas disponíveis no momento, o esquema de vacinação em Campinas e outras orientações importantes aos profissionais de saúde e população.

Acesse o conteúdo completo do XVII Fórum Covid-19 da SMCC

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Durante o fórum, também foi divulgado o mais recente protocolo da SMCC “O que fazer na suspeita de Covid-19” com informações passo-a-passo para toda a população saber como se comportar frente a um caso suspeito ou confirmado. O documento pode ser impresso para ser afixado no seu condomínio, no elevador, em seu trabalho ou áreas comuns ou ainda compartilhado digitalmente. Você pode ajudar a divulgar!

Acesse AQUI os protocolos da SMCC ou baixe a versão para impressão (PDF) AQUI.


Vacinas: Segurança, Eficácia e… qual tomar?

A primeira fala foi do imunologista e Diretor Científico da SMCC, Prof. Dr. Antônio Condino Neto que fez uma revisão bem didática sobre os tipos de vacina disponíveis e como agem no nosso sistema imunológico e eventuais diferenças entre as vacinas. Dr. Condino ainda esclareceu dúvidas a respeito da vacinação em pacientes imunodeficientes ou imunossuprimidos.

Sobre a questão de qual seria a melhor vacina, Dr. Condino logo concluiu de forma direta: “Todos querem saber qual vacina devem tomar… é a vacina que a gente tem! No momento é a Coronavac®! Vamos parar com essa história de ficar escolhendo vacina. Nós temos os resultados desta, ela está disponível, e é a vacina que nós temos que tomar. Ela já tem a aprovação da ANVISA, em seguida vem a (vacina) Oxford… então por razões práticas, é isso que nós temos! ”

Uma das convidadas especiais do Fórum, a Profa. Dra. Mariângela Ribeiro Resende, infectologista do HC UNICAMP e co-investigadora do estudo clínico da vacina Sinovac-Butantan (Coronavac®), reforçou a fala do Dr. Condino: “A melhor vacina é aquela disponível! Aquela que você tenha disponível em número suficiente e em velocidade também. Esse é um conceito importante.”

Dra. Mariângela salientou que a diferença dos percentuais de eficácia apresentados nos resultados dos estudos de fase 3 entre as vacinas deve ser analisada sob a ótica de como os estudos foram feitos para chegar nestes índices. Dra. Mariângela apresentou detalhes sobre o desenho do estudo realizado aqui no Brasil com a vacina Coronavac® e seus resultados.

“A nossa população (voluntários que participaram da pesquisa) ela não reflete a população geral. A gente tem uma população que é de profissionais de saúde exposto, ou seja, é uma população que de fato está sendo continuamente desafiada. Para participar do estudo, a gente exigiu que a pessoa estivesse de fato sendo exposta à infecção pelo SARS-Cov-2. Nesse sentido, a gente tem uma exigência maior dentro do estudo. É diferente dos estudos com a própria vacina que foram desenvolvidos em outros países (…) que avaliaram população geral e encontraram eficácias mais elevadas”. Outro ponto importante destacado foi sobre a definição de casos suspeitos de terem a Covid-19 entre os participantes da pesquisa com a vacina Coronavac®. “A nossa definição de caso foi uma definição bastante sensível. Até diferente de uma definição utilizada para fins de vigilância epidemiológica. (…) Este critério de casos difere muito em outros estudos”, argumentou. Ela confirmou a segurança da vacina, que provocou poucos efeitos colaterais nos estudos realizados.

Outra convidada especial deste Fórum, a Profa. Dra. Raquel Stucchi, infectologista do HC UNICAMP, destacou: “Vacinar não é apenas um ato de proteção individual, muito mais do que isso, é um ato de proteção coletiva”.

Dra. Raquel esclareceu muitas dúvidas dos participantes, entre elas: a respeito do uso da vacina contra Covid-19 e outras vacinas (guardar um intervalo de pelo menos de 2 semanas entre elas), que não é preciso fazer exames de Covid-19 antes de tomar a vacina e mesmo quem já teve a doença é recomendável tomar a vacina (intervalo de pelo menos 30 dias após o diagnóstico de Covid-19). 

Sobre as diferentes vacinas, Dra. Raquel comentou: “Nós ouvimos falar de vacinas que teriam eficácia de 95% – 90% e de repente você ouve 50(%) e vai achar que aquilo não é bom. Mas é ótimo! Se na nossa realidade hoje nós reduzirmos em 50% o número de casos novos e reduzirmos o risco de hospitalização de alguma forma, em 80%-78%, nós voltamos a ter uma vida em termos até de gestão de saúde e de atendimentos dos outros pacientes como nós tínhamos talvez em 2019”.

O coordenador do Departamento de Infectologia da SMCC, Prof. Dr. Rodrigo Angerami, comentou as discussões do Fórum lembrando do papel das vacinas. “A gente teve uma vacina até hoje que foi capaz de erradicar uma doença: a varíola. A gente tem vacinas que são capazes de eliminar doenças, como a pólio. A gente tem vacinas que são capazes de controlar doenças, como pertussis, rubéola, sarampo. E a gente tem vacinas que são capazes de proteger as pessoas. Num momento pandêmico, (…) eu acho que a gente ter uma vacina que seja capaz de proteger as pessoas é um avanço notável, histórico.”

Entretanto, segundo Dr. Angerami, ainda temos muitas incertezas e estamos em uma curva de aprendizado sobre a epidemiologia, a clínica e o manejo dessa doença e a vacina é mais um componente que também estamos numa curva de aprendizado. Ele acredita que em um futuro breve teremos vacinas de 2ª, 3ª gerações com objetivo de maior proteção coletiva.

Epidemiologista da Faculdade São Leopoldo Mandic, o Prof. Dr. André Ribas de Freitas destacou a segurança das vacinas e relembrou que não ocorreram reações adversas e sim anafiláticas com algumas vacinas de RNA e, provavelmente, relacionadas aos componentes da vacina e não ao agente ativo. Dr. André destacou: “Na esteira da segurança das vacinas e a luta que temos tido, talvez tão grande quanto a luta contra a própria doença, é a luta contra as Fake News. A gente vai ter que se preparar, quando um grande contingente da população estiver vacinado, para as falsas reações adversas. A gente sabe que a relação causal entre uma reação adversa e o evento ` imunização` é muito difícil de ser estabelecido.” – fator que pode provocar uma nova onda contra a vacina.


Quem deve e quem não deve tomar a vacina?

Os especialistas discorreram sobre as contraindicações conhecidas da vacina e as recomendações para grupos especiais, como imunodeficientes, transplantados, portadores de HIV, gestantes e crianças.  


A Vacinação em Campinas

Um dos assuntos mais aguardados do evento, as explicações de como ocorrerá o esquema de vacinação em Campinas, foi apresentado pela Diretora da DEVISA Campinas, Dra. Andrea Von Zubem. Dra. Andrea comentou que a vacina chegou nesta segunda-feira (18/01) a Campinas, mas especificamente para os profissionais de saúde do HC da Unicamp, unidade gerida pelo governo estadual.

Ainda não é possível prever a data inicial da imunização porque aguarda-se a distribuição das doses para as unidades de saúde do município. Porém, na primeira fase que irá até o mês de março, será priorizado o público considerado mais susceptível que são os trabalhadores de saúde, indígenas, quilombolas e idosos acima dos 60 anos, perfis identificados como relacionados a 87% das mortes registradas em Campinas.

A cidade de Campinas tem cerca de 60 mil profissionais de saúde e a promessa é haver vacina para todos. Porém, a entrega assim como a segunda dose que deve ser garantida para todos que receberam a primeira, dependerá da capacidade de produção e entrega do Instituto Butantã.

Dentro deste público prioritário, será dada uma prioridade mais alta aos profissionais da saúde e apoio atuando nos hospitais, a chamada “linha de frente”. Para esses casos, as vacinas serão enviadas aos hospitais dia-a-dia, na quantidade dos profissionais e funcionários de apoio cadastrados.

Os locais de vacinação já estão definidos, considerando localização, acessibilidade e segurança das doses da vacina, das pessoas e dos colaboradores. Estes locais terão horários estendidos, com funcionamento incluindo finais de semana e no feriado de carnaval.

Dra. Andrea informou que todas as informações estarão divulgadas no site www.campinas.sp.gov.br, porém, a agenda só será liberada com a existência de doses da vacina em cada unidade.

“Estamos em uma curva de ascensão de casos e com UTI’s cheias. Vamos vacinar a todos, mas seguindo os grupos com maior risco”, explicou Dra. Andrea.


O que fazer enquanto aguardamos os efeitos da vacinação em massa?

Foi unânime entre todos os presentes a afirmação que devemos manter os cuidados de higienização (lavar as mãos ou usar álcool em 70% em gel), usar máscaras, manter o distanciamento de pelo menos 1,5 metro e evitar aglomerações.

Dr. Marcelo Amade Camargo, diretor da SMCC e moderador do fórum, aproveitou para trazer a informação repassada por representantes de vários hospitais da cidade que o número de atendimentos e internações, inclusive em UTI, se elevou rapidamente nas últimas semanas e divulgou o mais novo protocolo da SMCC orientando as pessoas sobre o que fazer frente a suspeita ou um caso confirmado de Covid-19 perto de você.

Acesse AQUI os protocolos de enfrentamento à Covid-19 da SMCC

Dr. Angerami reforçou que ser vacinado ou estar vacinado não deve preterir os cuidados e educação em saúde. “A infecção pregressa já não servia como “passaporte da imunidade” e a vacina também não vai ser o  “passaporte” da imunidade duradoura ou permanente”.

Dr. André Ribas argumentou sobre o futuro após início da imunização: “A vacina não irá erradicar a doença e tenho uma expectativa que ela irá se comportar de formas diferentes no futuro. Tem que manter as proteções respiratórias até termos o grau de nível de proteção estas vacinas nos garantirão”, reforçou o médico.


Mensagens Finais

A presidente da SMCC, Dra. Fátima Bastos, iniciou uma campanha favorável a vacinação e pediu aos colegas médicos que façam o mesmo.

“Nós, médicos, temos a obrigação de defender a vacina. Alguns médicos tem a linha de criticar a vacina e é importante que a classe médica defenda a vacina e valorize a nossa produção nacional. Eu vou tomar vacina, sou geriatra e trabalho com grupo de risco e tenho que dar exemplo. Temos que proteger os outros”, afirmou a médica.

Mesma opinião do Coordenador do Departamento Científico da SMCC,. Dr. Condino Neto defendeu a vacinação entre os médicos e profissionais de saúde como dever. “É dever do cidadão tomar vacina para não colocar em risco as pessoas a nossa volta. Mais ainda do médico que atende os pacientes”.

Dra. Fátima encerrou o evento reforçando a oferta ao governo municipal das estruturas da SMCC para serem um ponto para vacinação para profissionais da saúde, oferta que será analisada pela DEVISA e demais autoridades.

Quer informação sobre agendamento, prioridade? Acesse https://vacina.campinas.sp.gov.br/

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