Médicos citam agravamento da situação e necessidade de retroceder na flexibilização durante III Fórum da SMCC

12 jun, 2020 | Notícias


Pela terceira semana consecutiva a Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC) realizou nesta quinta-feira (11/06) o “Fórum de Atualização da Situação da Covid-19” em Campinas.

Assim como nas edições passadas, o Fórum reuniu os principais especialistas e gestores dos serviços públicos e privados de saúde para apresentar um panorama atual nos hospitais e debater os pontos mais importantes na estratégia de enfrentamento ao Covid-19 em nossa cidade.

Nesta 3ª edição, foram abordados os temas: Situação dos Leitos, Insumos, Procedimentos Eletivos e Reabertura.

Assista ao III Fórum SMCC (11/06) na íntegra pelo Canal da SMCC no YOUTUBE (CLIQUE AQUI)

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REABERTURA
Há três semanas, os médicos tem registrado opiniões contrárias as medidas de flexibilização da quarentena neste momento da pandemia, como a retomada das atividades do comércio. Há ponderação que o isolamento rígido foi instituído de forma precoce e agora, quando seria mais necessário, está havendo um afrouxamento fora do contexto da situação do sistema de saúde.

Todos os médicos representantes de Campinas no Fórum afirmaram achar necessário retroceder da decisão da liberação das atividades de comércio e outras liberações na cidade. A preocupação não está somente com as filas nos comércios, mas com a circulação de pessoas no transporte público, por exemplo, onde há dificuldade em se coibir aglomeração. Este foi inclusive um ponto apontado para ação do poder público pelos palestrantes.  

O Coordenador do Departamento de Infectologia da SMCC, Dr. Rodrigo Angerami, alertou sobre os números de hoje (leitos e gravidade) não refletirem exatamente o momento atual, o que mostra como a curva ascendente de casos pode piorar e muito nos próximos dias. “A gente tem que ter a compreensão de que o que a gente calcula hoje é sempre dados de duas semanas antes em relação ao número de casos. Do meu ponto de vista e pela experiência própria e dos meus colegas, o número de casos graves aumentou. Então houve um aumento da circulação (do vírus) ainda não reflexo da flexibilização recente, mas do esgarçamento daquilo que estava sendo preconizado como afastamento. ”

LEITOS
Todos os hospitais representados relataram que houve aumento importante da taxa de ocupação dos leitos, batendo em níveis de até 80-85% de ocupação na rede privada e já atingindo alarmantes 100% de ocupação na rede pública.

Ao falar pela Secretaria de Saúde, o médico Dr. Fernando Brandão confirmou que a Rede Mário Gatti está com 98 a 99% de leitos ocupados, mesmo com 28 novos leitos recém anexados nesta semana. Sendo boa parte em ventilação mecânica. “Estamos a procura é de conseguir viabilizar os leitos que ainda estão em nossa disponibilidade de aquisição que serão mais 15 leitos de UTI do Hospital Metropolitano e 28 leitos secundários e 10 de UTI da Irmandade. Esse vai ser o incremento importante porque já há paciente esperando. Isso é real”.

Citaram inclusive a falta de medicamentos, havendo caso de socorro de um hospital para outro na cidade, em relação a empréstimo de medicamentos. Além disso, apontaram que aumentou a complexidade dos casos, o que significa que um leito permanecerá ocupado por mais tempo. Pacientes com Covid-19 grave ficam até duas semanas nas unidades intensivas. Alguns hospitais privados estão colaborando fornecendo leitos para rede pública.

Todos temem agora por não ter como atender aos pacientes ou chegarem ao ponto de definir critérios por prioridade, situação extrema que os médicos vinham lutando para evitar todo esse tempo.

A Presidente da SMCC, Dra. Fátima Bastos, disse que o prefeito de Campinas precisa ter coragem e recuar nas decisões que tomou porque senão poderemos vivenciar um colapso. “Diante do cenário epidemiológico essa flexibilização nos preocupa bastante com as notícias que estamos com poucas vagas. Acho que não é vergonha nenhuma dar marcha ré se o prefeito tiver que dar. É uma questão de posicionamento. Se precisar nos vamos ajudar com a opinião pública. Podemos ajudar. Não queremos ver um caos na nossa cidade”, reforçou Dra. Fátima.  

INSUMOS 
Alguns dos representantes médicos citaram que, no que diz respeito aos medicamentos, é que algumas negociações prévias conseguiram inibir a falta no estoque. Porém, a situação está longe de ser confortável. Os bloqueadores neuromusculares, usados nos pacientes em ventilação mecânica, foram os que mais faltaram em algumas unidades.  

O serviço privado tem feito negociações com fornecedores para manter fornecimento e isso tem contribuído com a manutenção, por enquanto, dos medicamentos.

Hospitais estão se ajudando e emprestando medicamentos para reduzir a demora de entrega para alguns casos específicos. Cogitou-se que, de fato, a indústria e distribuidores poderiam estar problematizando a entrega assim como ocorreu com o fornecimento e preços de EPIs no início da pandemia. A parceria com o poder público não foi descartada pelos gestores, para investigar e coibir tais suspeitas de atitudes criminosas. 

A SMCC se colocou à postos para auxiliar na intermediação do socorro aos grupos ou hospitais para garantir a manutenção do aporte de medicamentos. A entidade, segundo Dra. Fátima Bastos, pode ser um canal de comunicação entre eles para viabilizar a troca de medicação ou substituição em momentos de necessidade.

Foi também lembrado que o impacto do custo de EPIs e medicamentos está recaindo totalmente sobre as unidades de saúde e também sobre os médicos e clínicas. Ninguém remunera esse custo extra que é pesado. O Diretor de Comunicação e Marketing da SMCC, Dr. Marcelo Amade Camargo, relembrou que a SMCC vem lutando faz tempo contra o aumento na alíquota do ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) e recentemente protocolou novo pedido para a suspensão da cobrança para médicos e unidades de saúde. Infelizmente, a administração municipal tem se mostrado insensível, sequer dando uma resposta aos questionamentos.

PROCEDIMENTOS ELETIVOS 
Tema muito delicado e controverso, o Fórum mostrou divergência entre os participantes sobre a liberação pela Agência Nacional de Saúde (ANS) dos procedimentos eletivos.

Para alguns, não se tem um cenário 100% seguro para realizar operações eletivas diante da falta de testagem ou desenvolvimento do vírus entre os envolvidos nos procedimentos. Além de ser custoso e pouco eficaz, dada a curva ascendente de aumento dos casos, seria o momento até de recuar.

Em contrapartida, os profissionais se preocupam com os procedimentos que não podem esperar ou estão competindo com a pandemia pelos leitos. Foram citados neste contexto os procedimentos oncológicos, cardiológicos e aquelas situações que trazem alívio do sofrimento, como uma dor forte, aos pacientes. Não se trata somente de uma questão econômica dos médicos e hospitais, mas de doenças e cirurgias que não podem deixar de ser feitas.

PARTICIPANTES DO III FÓRUM SMCC “Situação Atual da Pandemia Covid-19

ANFITRIÃ:
Presidente da SMCC, Dra. Fátima Bastos

MODERADOR:
Diretor de Comunicação e Marketing da SMCC, Dr. Marcelo Amade Camargo

CONVIDADOS:

✔️ Secretaria de Saúde – Dr. Fernando Luís Brandão do Nascimento

✔️ Departamento de Infectologia SMCC – Dr. Rodrigo Angerami (Coordenador)

✔️ Faculdade São Leopoldo Mandic – Dr. André Ribas (Epidemiologista)

✔️ HC UNICAMP / Centro Medico Campinas – Dr. Luis Gustavo Cardoso (CCIH)

✔️ Hospital Celso Pierro – Dr. Carlos Mattos (Dir. Clínico)

✔️ Unimed Campinas – Dr. Luiz G. Massari Filho (Diretor DAHSC)

✔️ Hospital Vera Cruz / Casa Saúde  – Dr. Bruno Araújo (Gerente Médico)

✔️ Associação dos Day Hospital Campinas – Dr. José Roberto F.  Amade (Presidente)

✔️ Hospital Galileo – Dr. Gustavo Faidiga (Diretor Técnico)

✔️ Hospital Madre Theodora / Galileo – Dra. Adriana Feltrin (CCIH)

PRÓXIMAS EDIÇÕES DO FÓRUM SMCC

Nossa responsabilidade como entidade médica é muito grande e por isso anunciamos que manteremos a iniciativa deste Fórum semanalmente, para nos atualizar sobre a situação e tentar unir esforços além das medidas oficiais, para salvar o maior número de vidas na cidade e nos hospitais”, comentou a presidente da SMCC, Dra. Fátima Bastos.  

Nosso papel através destes Fóruns é unir as instituições de Saúde e prover informação de qualidade para todos os profissionais de saúde, além do papel de ajudar a informar e educar a população. Gostaríamos de poder contar com o apoio de outras forças para repercutir os alertas que vem sendo feitos nos nossos Fóruns. Mas continuaremos sem medir esforços para ajudar a salvar a população de nossa cidade” registrou o Diretor de Comunicação e Marketing da SMCC, Dr. Marcelo Amade Camargo.  

EDIÇÕES ANTERIORES
Assista todas as Edições do Fórum SMCC sobre Situação COVID-19 pelos canais:

1º Fórum SMCC (28/05) – “Análises e Previsões”
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2º Fórum SMCC (04/06) – “Perguntas e Respostas” – (Leitos/Tratamentos/EPIs/Testagem)
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3º Fórum SMCC (11/06) – “Perguntas e Respostas” – (Leitos/Insumos/Procedimentos Eletivos / Reabertura)
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