Trabalho será realizado na Fazenda Argentina e nas áreas adjacentes
O HIDS (Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável), o um cluster de inovação de terceira geração que será construído em Campinas e foi o tema da matéria especial da Revista MedicAção de dezembro de 2021, deu mais um importante passo e iniciou, na última semana, o diagnóstico arqueológico, que fará o levantamento de áreas com potencial cênico, paisagístico ou natural, considerando patrimônio cultural, sítios arqueológicos e monumentos históricos da área da Fazenda Argentina.
O levantamento inclui, além da Fazenda Argentina, as áreas adjacentes (ADA), como a Cidade Universitária e o Parque das Universidades, e uma Zona de Amortecimento, onde estão os bairros Parque Rural Fazenda Santa Cândida, Jardim Miriam, Santa Genebra, Novo Barão Geraldo e Real Parque. O HIDS ficará em uma área de 11,3 milhões de metros quadrados, que abrange, além do campus da Unicamp, em Barão Geraldo, o campus 1 da PUC-Campinas, o campus da Facamp e toda a área do Polo 2 de Alta Tecnologia de Campinas (Ciatec 2), onde já estão instaladas diversas empresas e centros de pesquisa.
A identificação do patrimônio arqueológico cumpre a legislação vigente determinada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que estabelece quais empreendimentos e obras, especialmente de grande porte, podem gerar impactos no patrimônio. Diagnósticos como este são necessários para verificar a existência de bens ou sítios arqueológicos nos locais onde elas são realizadas. Um sítio histórico é um conjunto de bens materiais com importância histórica para a formação cultural da sociedade.
Ao longo da semana, diversas intervenções foram feitas na área de Fazenda Argentina. Perfurações de 30 cm de diâmetro por 40 cm de profundidade foram realizadas com uma cavadeira articulada (ou trado). “Sabemos que nesta área, houve ocupações nos ciclos da cana e do café. Nas escavações, buscamos vestígios arqueológicos dessas épocas, ou seja, entre fins do século XVIII e século XIX”, explicou a arqueóloga da ANX Engenharia e Arqueologia Ltda, responsável pelo trabalho, Rosângela Alves. Fragmentos de louça e de cerâmica são exemplos de materiais que podem ser encontrados. Após a coleta de informações sobre cada intervenção, os buracos são fechados para evitar acidentes com trabalhadores e animais.
Não foram ainda encontrados vestígios em subsuperfície na Fazenda Argentina. “De acordo com os estudos históricos que fizemos, e a partir das intervenções, acredito esta área serviu apenas para o plantio de cana, não tendo sido ocupada por residências ou outras edificações”, diz Rosângela.
Se encontrados, os materiais passarão por curadoria (etiquetagem, limpeza, enumeração). “Se identificado, é preciso registrar o sítio histórico junto ao IPHAN. Se alguma obra for feita em sua área, ele terá que ser salvo”, disse Rosângela. A guarda do material arqueológico será realizada pelo Laboratório de Arqueologia Pública Paulo Duarte (LAP), coordenado pela professora Aline de Carvalho, da equipe da componente do Patrimônio.
Em breve, será iniciado também o diagnóstico ambiental, que vai identificar nascentes, o tipo de fauna e de flora, entre outros pontos. Os dois diagnósticos serão encaminhados para a empresa responsável pelo master plan e vão impactar no planejamento territorial do HIDS.