Evento da SMCC debate a relação da espiritualidade e da saúde como prevenção ao suicídio

23 set, 2019 | Notícias


Aconteceu no Anfiteatro da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas nesta quinta-feira (19/09) o evento: DEBATE – Espiritualidade em Saúde como parte da programação do Comitê Permanente de Prevenção ao Suicídio da SMCC junto a programação da Semana de Prevenção do Setembro Amarelo promovido pelo Departamento de Psiquiatria da entidade.

O tema espiritualidade tem surgido em consultório, mas primordialmente neste momento nas pesquisas recentes como fator preponderante até para evitar casos de suicídio. Exemplo disso foi a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), uma das entidades mais sérias do país, ter criado uma diretriz inédita sobre o assunto, recomendando que a espiritualidade seja abordada no atendimento aos pacientes.

Na SMCC, o tema esteve na programação da semana de prevenção ao suicídio neste evento com abertura do Coordenador do Departamento de Psiquiatria da entidade, Dr. Eduardo Teixeira e palestras sobre “Fantasias inconscientes e aspectos socioculturais” com o premiado internacionalmente  Dr. Roosevelt Cassorla, Psiquiatra e Psicanalista Prof. UNICAMP; além da presença do especialista em psiquiatria transcultural pela UNICAMP, Dr Paulo Dalgalarrondo que conduziu a palestra “Aspectos da renúncia da Vida: Cultura, religião e suicídio”.

Os médicos psiquiatras, Dr Fábio Martins e Dra Carmen Sylvia Ribeiro apresentaram o Comitê Permanente de Prevenção ao Suicídio da SMCC criado no último ano por médicos da entidade para manter atividades e ações em prol da causa. Uma das mais intensas e atuantes campanhas da Sociedade de Medicina.

Com plateia cheia o Debate também registrou a presença de religiosos representando as diversas correntes filosóficas da espiritualidade.


Religião e dados de pesquisa

O grau de envolvimento religioso é fator protetor para o suicídio assim como a perda da religiosidade original parecem associar-se a maior risco de suicídio, concluiu durante a apresentação o especialista em psiquiatria transcultural pela UNICAMP, Dr Paulo Dalgalarrondo.

“Acho extremamente importante que se possa debater com seriedade o suicídio. É real e faz parte da vida, principalmente dos jovens. Estas iniciativas são bem vindas desde que ajudem a prevenir e promover a saúde mental e a vida. O suicídio do aspecto sócio cultural é uma dimensão importante. Precisamos olhar contexto que vive, pressão social o apoio ou não de pessoas próximas. A igreja pode ser mais presente”, falou.

O médico disse que tem havido aumento de suicídios no Brasil não muito grande, mas significativo; tendo aumentado entre os jovens que são mais vulneráveis.

“Outros fatores se somam como desagregação sócio-cultural, pressão social cultural, desemprego, script social, pessoas que moram sozinhas, sendo os casos de suicídios maior entre homens. Porém, tem aumentado muito o número entre jovens e de maior idade. O emprego como relação social está mudando. Homens de 50 anos vistos como provedores na sociedade com o desemprego vivem a desmoralização social”, comentou.

A fala do Dr. Dalgalarrondo também foi direcionada aos próprios colegas médicos. “O médico se mata 2 a 3 vezes mais do que o restante dos profissionais  por causa da depressão, consumo de álcool e drogas; além de ser péssimos pacientes. Depois vem policiais, dentistas e outros”, completou.


Suicídios jovens

Uma Tese de 2019 apresentada para a Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do Título de Doutora em Ciências entrevistou em 2005, 1.306 alunos, 55% mulheres com idade média de 21 anos. O mesmo conteúdo foi repetido em 2018, mas com 6.912 alunos, 51% homens com mesma média de idade.

Os casos de suicídios entre adolescentes aumentou 13%. Do montante observado no ano passado, 5% já tentou e quase 17% chegou alguma vez a se ferir ou se cortou, queimou ou lesionou de forma intencional.

O trabalho de 2019 é da doutoranda Denisse Claudia Jaen Varas com orientação do professor Ary Gadelha “Suicídio entre adolescentes, métodos utilizados e sua relação entre os indicadores socioeconômicos no Brasil: Um estudo ecológico e retrospectivo”.

Para o premiado internacionalmente Dr. Roosevelt Cassorla, Psiquiatra e Psicanalista Professor da UNICAMP, é preciso criar a rede de acolhimento.

“Os mais graves se isolam. Agora se conseguirmos captar os sinais devemos mostrar que sabemos que a pessoa existe, que entendemos sua capacidade de sentir. Ele acolhido fica mais fácil e qualquer pessoa com informação pode fazer isso”, concluiu.

O Debate contou com a presença de religiosos representando as diversas correntes filosóficas da espiritualidade. Padre José Siqueira de Barbosa da Paróquia Sagrado Coração de Jesus em Jaguariúna, núcleo pertencente a Diocese de Amparo, falou sobre o papel da igreja. “A vida é dom de Deus e precisamos preservá-la. Em se tratando da saúde precisamos ver a questão da saúde mental. Cuidar, porque realmente é um tratamento melindroso. Precisa de muitos cuidados e todos nós podemos contribuir de alguma forma. A pessoa vem a igreja em busca da parte espiritual, mas também tem esperança grande em encontrar nos recursos científicos a saúde”, falou.


Estudos religiosidade

Em compilação da reportagem da VEJA SP, estudo de 2016 publicado no JAMA Internal Medicine mostrou, por exemplo, que pessoas religiosas vivem mais. Enquanto isso, uma pesquisa realizada pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, mostrou que jovens religiosos ou com maior grau de espiritualidade têm melhor saúde na vida adulta.

Outro trabalho, realizado pela Mayo Clinic, prestigiada clínica médica americana, conclui que o envolvimento religioso e a espiritualidade promovem maior resiliência (capacidade de lidar com problemas), melhor qualidade de vida (mesmo durante doenças terminais), maior longevidade e menores índices de depressão, ansiedade e suicídio. Além disso, estudo publicado na revista PLOS One revelou que frequentar um culto ou cerimônia religiosa frequentemente está associado a mortalidade reduzida e menores níveis de stress.

Ou seja, para quem tem alguma religião ou forte senso de espiritualidade, mantê-lo ativo, inclusive durante o atendimento médico, traz inúmeros benefícios para a saúde. Por isso, não hesite em falar sobre isso com seu médico se sentir essa necessidade.

Na mesma noite na SMCC houve o 1º Encontro do Grupo de Enlutados da SMCC. Iniciativa inédita que prosseguirá com reuniões periódicas. Confira AQUI!

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