Em Live da SMCC, novo prefeito, secretário de saúde e presidente da Rede Mario Gatti anunciam contratações e discutem temas da saúde como remuneração, carreira e impostos

29 jan, 2021 | Notícias

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Na última terça-feira (26/01), a Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC) promoveu uma Live voltada aos médicos e profissionais de saúde com o tema: “Planos da Nova Gestão na Saúde de Campinas”.

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A Live contou com a participação do novo prefeito de Campinas, Dr. Dário Saad e os principais gestores na Saúde do município: Dr. Lair Zambom – novo Secretário Municipal de Saúde e Dr. Sérgio Bisogni – novo presidente da Rede Mário Gatti.

Dr. Lair Zambom possui experiência de 30 anos de gestão em saúde, esteve à frente da implantação do Hospital Estadual de Sumaré e do Hospital Regional de Piracicaba há sete anos, o novo secretário estará pela primeira em uma gestão municipal.

Dr. Sérgio Bisogni tem 40 anos de formado e disse vislumbrar a possibilidade de colaborar. Acredita que a gestão sempre tem que ser aprimorada, será necessário usar de tecnologia para a melhoria do atendimento ao paciente. Ressaltou ter aceitado como um desafio o novo cargo.

Como anfitriã do evento, a Presidente da SMCC, Dra. Fátima Bastos, agradeceu a disponibilidade dos novos dirigentes em participar do evento junto a entidade médica logo no início dos trabalhos na administração e em meio a urgência da pandemia Covid-19. “Temos orgulho de fazer parte deste Núcleo de enfrentamento a pandemia. A SMCC está junto com vocês neste momento. A pandemia é de todos nós e não somente do serviço público ou privado, mas de todos nós. Estaremos aqui de portas abertas para o que for preciso” ressaltou Dra. Fátima.

O vice-presidente da SMCC, Dr. José Roberto F. Amade foi quem intermediou a Live e apresentou os questionamentos aos convidados. Dr. Amade também reforçou o apoio institucional, mas sobretudo científico e educacional que a Sociedade de Medicina pode promover neste momento, a exemplo do que foi realizado em 2020. “A Sociedade (SMCC) está sempre aberta e procura colaborar inclusive nesta pandemia. Historicamente temos uma contribuição (com a pandemia) no final do século passado e estamos tentando contribuir a contento nesta pandemia. O Núcleo Médico criado para o enfrentamento ao Covid-19 tem grande quantidade de informação e ciência que são discutidos para tentar ajudar os médicos e a população em geral”, disse.


*Pandemia Covid-19*

Nos primeiros comentários, o novo Prefeito, Dr. Dário Saad, falou que o atendimento na saúde está intensificado devido ao aumento de casos de Covid-19 neste momento na cidade. Confirmou a entrega de 24 mil doses da vacina contra o Covid-19 para vacinação dos profissionais que trabalham na linha de frente em hospitais, UPAS e Centros de Saúde e anunciou que foi aberto o agendamento para os profissionais que ainda não foram vacinados com a oferta de 12 mil vagas. Nesta lista estão médicos, equipes de enfermagem, dentistas, fisioterapeutas, equipes de laboratórios de análises clínicas e motoristas de ambulância. Estas categorias foram escolhidas através do levantamento feito pela prefeitura, por serem os profissionais com maior índice de casos durante a pandemia.

O agendamento para se vacinar seguindo o critério de seleção será pelo endereço: www.vacina.campinas.sp.gov.br

Segundo o prefeito, as filas de consultas e cirurgias eletivas aumentaram muito durante a pandemia, além dos casos “não-Covid” continuarem acontecendo. Dr. Dário considerou este como o maior desafio da atual administração na saúde pública.

Dr. Lair Zambom, novo Secretário Municipal da Saúde, afirmou: “A pandemia está consumindo a administração de leitos de UTI e com a vacina a tentativa é fazer um trabalho bem feito para podermos ter alívio no preenchimento de leitos. Vejo com preocupação todas as patologias que estão represadas. Muitos hospitais tiveram que mudar o perfil de atendimento e médicos foram prejudicados porque não estão diretamente ligados ao atendimento. Os outros setores estão passando muita dificuldade e a intenção é voltar para fase amarela amenizando os impactos”, comentou.

O secretário informou que estão sendo criadas de 50 a 60 equipes e que de 5 a 6 mil vacinas serão ofertadas por dia em Campinas assim que a primeira fase de vacinas terminar. A fase 1 está atendendo aos profissionais de saúde. “Fomos muito criticados porque acharam que iríamos criar uns 200 postos de vacinação e não! Porque a vacinação tem vários fatores como a segurança para conter possíveis casos de roubo ou furar fila’, pontuou.

Foram criados cinco postos de vacinação no momento, para manter, segundo ele, outras atividades de prevenção como de dengue e outras doenças; além de tentar evitar aglomerações. 

O novo presidente da Rede Mário Gatti disse estar preocupado com o fato de estarem represando cirurgias devido a pandemia e a preocupação é quando, no momento de retomar os atendimentos, como farão para suprir materiais e insumos. “Teremos que suprir nossas demandas. Não é apenas o custo do material, mas como usar e administrar. Podem falar que estamos chegando e reclamando, mas não, esta visão é realista. A negociação terá que ser constante porque não adianta colocar o valor dos impostos porque não haverá quem pague”, reforçou

O prefeito também destacou que os profissionais de saúde estão esgotados, com registro de alta na taxa de atestados médicos e afastamento.


*Contratação de Médicos*

Dr. Dário citou que, em pouco mais de um mês no governo, a nova administração já iniciou a convocação e contratação de mais 150 médicos aprovados em concurso público e lançou mais 47 vagas do Programa “Mais Médicos Campineiro”, aproveitando para esclarecer que se trata de uma residência médica em saúde da família nos centros de saúde, não tendo relação com o antigo programa federal, exceto pelo nome parecido.

Questionado sobre como funcionará o programa de residência médica quanto a remuneração dos residentes e a preceptoria na cidade, o prefeito disse que a remuneração será dividida entre o governo do Estado e municipal e que haverá preceptoria, pois o programa de residência médica é reconhecido e obedece a critérios e requisitos obrigatórios na formação médica.

No plano de 100 dias do prefeito Dário Saad está previsto um trabalho de reorganização da contratação dos médicos e do sistema de tecnologia de gestão que é complexo segundo ele.

Paralelamente, Dr. Sérgio Bisogni prevê uma parceria com a área de ensino para os jovens trabalharem na rede SUS. Para isso o médico já conta com o apoio da SMCC. “A Sociedade de Medicina dá uma interlocução importantíssima para o ensino, saúde pública e assistência, lutando para tudo isso andar simultaneamente com a pandemia. Chegamos quase no limite. Não há dinheiro, nem como crescer. Precisamos de auxílio, mais vontade do Estado, da esfera Federal e ajuda de todos”, destacou.


*Tecnologia*

Foi confirmado que está sendo discutido o plano de modernização do Sistema de Gestão da Prefeitura, para trazer tecnologia para ações como teleconsulta e teleinterconsulta e monitoramento de pacientes crônicos, a exemplo de outras cidades como São Paulo e municípios de porte médio.


*Reforço e Ampliação da Rede Hospitalar*

Existe previsão para a construção do Hospital da Mulher, ao lado do Hospital Mario Gatti e as tratativas para locação do prédio do Hospital Metropolitano para implantação de um novo Hospital Pediátrico.

Segundo Dr. Sergio Bisogni, o projeto do Hospital Municipal Pediátrico prevê reorganizar o atendimento desta área na cidade nas frentes hospitalar e de pronto-socorro, abrindo espaço no Hospital Mário Gatti para outras ações.

Dr. Sérgio afirmou que pretende aperfeiçoar na nova gestão o funcionamento da Rede Mario Gatti que tem cerca de dois anos de existência. A ideia é dar continuidade e solidez a autarquia, fazer ajustes no que foi iniciado e terminar de organizar o sistema de gestão eletrônico (GHU) que já está pronto no Hospital Ouro Verde, mas falta fazer no restante das unidades e interligar.

Dr. Sérgio explicou que até a formação da Rede Mario Gatti, este era apenas um hospital municipal. Há quatro anos a Rede passou a incluir o Hospital Ouro Verde, quatro UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) e o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Então ficou uma rede hospitalar grande e intensa. “Pegamos uma organização interessante, mas a própria pandemia interferiu e ainda vem interferindo”, ressaltou.

O prefeito disse ainda que irá concluir a ampliação do serviço de Oncologia do Mário Gatti e buscará ampliar o atendimento do AME Campinas, suspenso porque o Governo Estadual aventou a possibilidade de redirecionar os leitos para atendimento de Covid-19. As discussões com o governo do Estado para priorizar o atendimento aos pacientes da cidade estão entre as medidas a curto prazo.

Quanto ao setor de oncologia – explicou Dr. Sergio Bisogni – 80% do prédio que servirá o setor está pronto. “Agora a meta é terminar em 90 a 100 dias a parte do térreo e a fachada para começar o atendimento. A previsão é em cinco a seis meses entregar as instalações para dar ajuda aos sistemas de quimioterapia e radioterapia dentro e fora do Hospital”.

Para Dr. Sérgio, as UPAs estão funcionando melhor há cerca de um ano e será dada continuidade. “Precisamos manter porque são 1,5 mil pacientes dia somente pelas UPAs. A Rede Mário Gatti atende 2 mil pessoas/dia. O desafio está em manter o atendimento administrando os profissionais, pagando os aposentados”.


*Plano de Carreira para Médicos e Profissionais da Saúde*

O prefeito disse que nos últimos anos o plano de carreira dos funcionários públicos ficou congelado por conta das crises financeiras. “Houve atraso de pagamentos e, devido a um decreto de ajuda aos municípios, ficou proibido conceder ascensão ou reajuste aos servidores públicos nos anos de 2020 e 2021” comentou. Segundo ele, está se buscando alguma solução para destravar os efeitos do decreto.

O prefeito lembrou sobre a lei que incide sobre a Procuradoria no ano passado, prevendo que remuneração e gratificação aos promotores também não pudessem ser atendidas neste momento.


*ISSQN*

Reivindicação antiga da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC) junto ao poder público, o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) tem onerado os médicos e dificultado a manutenção dos empregos e melhorais dos serviços em saúde. 

Dr. Dário Saad concordou que existe uma bitributação que aumentou o custo para os médicos, porém, o maior questionamento é das empresas médicas que realmente tem alta tributação. Afirmou que será iniciada uma discussão da demanda sobre a redução do ISSQN para empresas, não somente das áreas de saúde, mas também de logística e educação.

O que já foi liberada – segundo o prefeito – foi a determinação de uma redução na alíquota de galpões em Campinas, o que já irá interferir no orçamento. Por isso, informou que serão analisadas as prioridades junto as reduções de impostos.

“Vamos discutir com as entidades. A SMCC será chamada para discutir e tentarmos ver as prioridades de cada setor para tirar a bitributação”, confirmou o prefeito.


*Vigilância em Saúde*

O novo prefeito confirmou que a pandemia sobrecarregou o trabalho da Vigilância em Saúde, tanto a Vigilância Epidemiológica como a Sanitária, para a liberação das LTAS, alvarás e licenças de funcionamento de unidades de saúde. O prefeito prometeu que nos próximos dias será feita uma reunião específica para reduzir os prazos das liberações.

Não houve contratação ou reforço para as equipes de vigilância apesar de ele acreditar ser necessário, em consonância com opinião emitida pela SMCC nos seus fóruns sobre Covid-19.


*Fiscalização e Inibição de Aglomerações*

Diante do registro de casos de aglomerações em festas clandestinas e bares, mesmo após decreto impedindo o funcionamento destes, o prefeito informou que tanto a Polícia Militar quando a Guarda Municipal tem feito rondas para evitar as aglomerações.

Porém disse que apesar de estar ampliando a fiscalização existe uma dificuldade real quanto ao contingente. Atualmente a guarda municipal conta com 700 homens que também estão sendo divididos para acompanhar e garantir a segurança na distribuição das doses da vacina. Seriam necessários de cinco a dez vezes mais homens para atender toda a cidade neste momento.

Representantes de bares e restaurantes realizaram manifestação na prefeitura nesta semana. Alegam estarem demitindo os funcionários e que não podem respeitar a lei por causa do problema financeiro enfrentado há meses. O prefeito fez apelo para que os representantes tentassem conter as aglomerações ainda que fosse afrouxado os horários.

“No começo a população estava mais sensibilizada e agora existe um cansaço e desgaste em relação a pandemia, incluindo os governos estadual e federal”, lembrou Dr. Dário.


*Verbas para Saúde*

Segundo o prefeito, a previsão é de enfrentar dificuldades orçamentárias. Houve ano passado R$130 milhões em ajuda financeira aos municípios. Este ano não há previsão de verba. 

Dr. Lair citou o fato de o financiamento da saúde ter mudado por causa do Covid-19. Ano passado foram disponibilizados R$170 milhões e neste ano sabe-se que são R$2 milhões. A missão maior para ele será sair do caos. “Realmente vai ser um ano duríssimo. Estamos prevendo grandes problemas na saúde com este estrangulamento e vai bater em todas as portas. Acho que temos que nos preparar mesmo. Fazer gestão dura”.

Uma das primeiras medidas foi a suspensão das férias de todos os funcionários em fevereiro e março. Uma medida extremamente antipática como o próprio secretário classificou, mas, disse que não havia outra opção.

Dr. Zambom também identifica período difícil na administração dos recursos. Disse que serão necessárias reduções de custo porque o faturamento é ruim. E, finalizou dizendo que Campinas tem como vantagem a qualidade da mão de obra.

“O material humano é muito bom até por conta das adversidades. A cidade tem que voltar a ser protagonista. Investir em Campinas para ser um grande polo da área médica. Não é o papel do secretário, mas de todos. Temos que voltar a ser polo de capacitação. Vejo as universidades um pouco retraídas… e voltarmos a ser críticos. Estou motivado a fazer mudanças e quebrar paradigmas”, resumiu.

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