Quanto mais precocemente a doença for descoberta, maiores as chances de cura
O diagnóstico precoce do câncer na criança ou no adolescente é tarefa do médico, e não da família. Este é o alerta feito pela presidente do Centro Infantil Boldrini, Dra Silvia Brandalise, pediatra especializada em hematologia e oncologia pediátrica, em mais um vídeo da série Dicas de Saúde (confira aqui https://youtu.be/o84aPjHqHSw), produzida pela SMCC (Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas). De acordo com ela, a média de atraso no diagnóstico é de seis meses, mas chega a um ano em alguns casos. Quando descoberto no início, o câncer tem chances muito maiores de cura.
A Dra. Silvia destaca que o diagnóstico do câncer infantil e de adolescente não costuma ser ensinado nas faculdades de medicina do Brasil, o que dificulta que o médico, quando formado, saiba fazer isso precocemente. “A média de atraso de diagnóstico, para o médico pensar em tumor cerebral numa criança, é ao redor de seis meses. Temos casos que demoram quase um ano”, destaca. “Fora isso, tem os atrasos depois para marcar e fazer um exame de tomografia, um exame de ressonância. Às vezes, chega a um ano, um ano e meio, entre os primeiros sintomas e o diagnóstico”, critica.
Segundo a médica, os sintomas do câncer são comuns a uma série de doenças. “Então não tem o menor sentido a mãe ou a avó suspeitar do câncer. Isso é tarefa do médico. Ele é obrigado a saber quando suspeitar do câncer”, reforça. “O câncer da criança traduz uma doença em que existe uma multiplicação desordenada das células, que invadem um órgão, por exemplo um rim, um osso, o cérebro, e é constituído por células malignas. Ele tem um crescimento rápido e, por isso, é importante um rápido diagnóstico para poder combater essa doença”, comenta.
De acordo com a Dra. Silvia, as crianças e os adolescentes têm um tipo de câncer diferente do adulto. São cânceres mais embrionários, de células mais primitivas. Os dois tipos mais comuns, que correspondem a quase 50% dos casos, são a leucemia e os tumores do sistema nervoso central.
Atualmente, as chances de cura nos países desenvolvidos estão ao redor de 80%, 90%. No Centro Infantil Boldrini, as taxas de cura aumentaram nessas quatro décadas e, hoje, estão entre 70% e 80%.
Para prevenir o câncer infantil, é importante adotar hábitos de vida saudáveis e evitar o consumo de produtos comprovadamente cancerígenos. “A nossa saúde reflete o que bebemos, o que comemos e o que respiramos. Então é importante que a gente tenha um ambiente saudável para ter saúde. O primeiro mundo já mostrou que contaminações ambientais, no alimento, no ar, na água, por produtos químicos, inseticidas ou agrotóxicos, produtos químicos de indústria estão relacionados com alguns tipos de câncer da criança, principalmente, a leucemia e o tumor do sistema nervoso central”, afirma. “É importante as pessoas (mãe, pai, avós) tomarem muito cuidado com o que está sendo oferecido nas casas delas, do ponto de vista de evitar inseticidas, evitar coisas que matam os micróbios, que são os outros seres vivos, porque o que mata um ser vivo também prejudica o homem”, orienta.
Ela pede atenção especial para produtos derivados de benzeno, xileno, tolueno, os inseticidas, agrotóxicos, glifosatos. “Eles são altamente nocivos, tanto para os insetos quanto para os seres humanos. Os insetos, que são pequenininhos, morrem mais rápido. Mas a criança e o adolescente vão desenvolvendo a longo prazo os distúrbios dos genes que estão relacionados com o desenvolvimento do câncer”, explica.