Evento permitiu que cirurgiões e acadêmicos vivenciassem uma experiência muito próxima da realidade, como se estivessem de fato em um centro cirúrgico
O Departamento Científico de Cirurgia Plástica da SMCC (Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas) promoveu, na noite de anteontem, a 1ª aula da especialidade com transmissão em 3D em uma sociedade médica brasileira. Com o tema Face em Foco da SMCC, o encontro reuniu dezenas de cirurgiões plásticos e acadêmicos de medicina, que puderam aprender como se estivessem realmente dentro de um centro cirúrgico.
Para proporcionar essa experiência, foi necessário montar uma estrutura exclusiva, semelhante à utilizada pelas salas de cinema 3D. Além da captação das imagens em formato específico para esta tecnologia, a tela e o equipamento de transmissão também precisaram ser apropriados para este tipo de projeção. Todos os presentes utilizam óculos virtuais para assistirem à aula.
A apresentação pioneira foi realizada em cadáver fresco, o que permitiu uma experiência muito próxima a que ocorre com um paciente vivo. “Quando a gente tem uma aula em 2D, que são imagens de vídeos ou figuras, a gente não tem tanto a noção de profundidade. Com a imagem em 3D, a gente tem um detalhamento muito mais apurado, a gente consegue ver a profundidade e as estruturas nobres, como artérias, veias e nervos, que não podem ser lesionadas durante uma cirurgia”, comenta o coordenador do Departamento Científico, Dr. Juliano Pereira.
De acordo com ele, este tipo de aula favorece o treinamento dos cirurgiões. “Foi fantástico! Eu acho que todos ficaram surpresos. A colocação dos óculos 3D realmente deixou as pessoas maravilhadas com o que estavam vendo porque elas se sentiam dentro do centro cirúrgico, fazendo uma cirurgia. É uma simulação muito próxima da realidade cirúrgica”, comenta. “Em termos de tecnologia, para estarmos mais próximos da realidade de uma cirurgia, certamente o que há de melhor no mundo foi apresentado hoje na Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas, de forma pioneira no Brasil. É motivo de muito orgulho! Com certeza, os médicos que estiveram aqui saíram diferentes do que chegaram”, afirma o cirurgião.
A aula em 3D foi ministrada pelo cirurgião plástico Dr. Rodrigo Gimenez, que apresentou o tema Deep Plane Facelift. Antes dele, o Dr. Fernando Giovanetti Morano também ministrou uma aula, sobre cirurgia órbito-palpebral: eutrópio, ectrópio e ptose palpebral. As duas apresentações fizeram parte do último evento científico do Departamento no ano.
“Hoje, eu acho que os membros e sócios que estiveram aqui presentes puderam presenciar um momento histórico na nossa cidade”, ressalta o coordenador.
Sobre a imagem 3D:
A imagem em 3D é formada por um fenômeno chamado estereoscopia, que nada mais é do que a projeção da imagem da mesma cena em pontos de observação diferentes. O cérebro recebe essas imagens e as funde em uma só. Neste processo, as informações sobre a posição, o tamanho e a profundidade dos objetos são obtidas.
Para que as imagens possam ser vistas de maneira nítida, é necessária a utilização de óculos 3D. A imagem é formada por dois projetores, um que emite a imagem cm raios de luz na horizontal e outro, na vertical. Os óculos 3D polarizam essa luz, ou seja, faz com que ela se propague em apenas um plano. Cada lente dos óculos possui filtro de polarização diferente: uma para filtrar as ondas polarizadas na vertical e outra, na horizontal. Assim, cada olho recebe uma imagem diferente, e o cérebro une as duas imagens, formando uma terceira, o que possibilita a percepção de profundidade na cena.