Revista Medicação Ed. Out/Dez 2019
Artigo da Coluna DESTAQUE CIENTÍFICO

USO RACIONAL DA DOSAGEM DA VITAMINA D

A Vitamina D é uma vitamina lipossolúvel, que age como hormônio, estimula a absorção intestinal de cálcio e atua na manutenção de níveis adequados de fosfato para a mineralização, crescimento e remodelação óssea. (Medical Advisory Secretariat. Health Quality Ontario., 2010) É sintetizada na pele, a partir da ação dos raios ultravioleta em precursores e depois… Read More »

A Vitamina D é uma vitamina lipossolúvel, que age como hormônio, estimula a absorção intestinal de cálcio e atua na manutenção de níveis adequados de fosfato para a mineralização, crescimento e remodelação óssea. (Medical Advisory Secretariat. Health Quality Ontario., 2010)

É sintetizada na pele, a partir da ação dos raios ultravioleta em precursores e depois hidroxilada no fígado e no rim. A forma 25 hidroxi Vitamina D (25OHVitD) é produzida no fígado e é comumente dosada pelos laboratórios, para determinar a deficiência da Vit. D, enquanto a forma 1,25 dihidroxi Vitamina D (1,25OHVitD) decorre da hidroxilação renal e é a forma biologicamente ativa, que atua nos ossos para mobilização do Cálcio armazenado e no intestino, estimulando a absorção de cálcio e fósforo, a fim de manter os níveis séricos adequados de Cálcio e Fósforo. (Santos Junior et al., 2011)

Vários estudos têm sido publicados nos últimos anos, associando a deficiência da Vit. D a uma lista ampla de patologias, como câncer, hipertensão, esclerose múltipla, artrite reumatoide, fraqueza muscular e diabetes, mas em sua grande maioria, não são conclusivos quanto a sua correlação com estas patologias. (Zhang e Naughton, 2010)

A deficiência de Vit. D é muito comum e prescrições para sua dosagem e suplementação têm sido cada vez mais frequentes, com aumento exponencial dos gastos em saúde, justificando a necessidade de se estabelecer regras para estas atividades. (Cesareo et al., 2018)

A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/ Medicina Laboratorial e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia publicaram um posicionamento oficial sobre o tema, onde definem os grupos de risco que devem ser investigados para a hipovitaminose, recomendações para sua dosagem e valores de referência, de acordo com a idade e características clínicas. (Ferreira et al., 2017)

 

As recomendações atuais sugerem:

(1) Valores de referência para 25OHVitD: acima de 20 ng/mL para a população em geral e acima de 30 ng/mL para os grupos de risco;

(2) A dosagem da 25OHVitD esta indicada para indivíduos destes grupos de risco: acima de 60 anos; que não se expõe à luz solar; com quedas e/ou fraturas recorrentes; gestantes e lactantes; portadores de osteoporose, doenças osteometabólicas, doença renal crônica, doenças de má absorção, como bariátricos e doenças inflamatórias intestinais; e em uso de medicações que afetem a formação e degradação da Vit. D, como antirretrovirais, glicocorticoides e anticonvulsivantes;

(3) Para o tratamento da deficiência de Vit. D, recomenda-se a exposição solar e suplementação oral com Vit. D2 ou D3 em pacientes em tratamento com drogas com atividade óssea e/ou indivíduos com deficiência comprovada; as doses, moléculas e modalidades de administração variam conforme o indivíduo;

(4) Não se recomenda o monitoramento da reposição da Vit. D, devido a sua ampla faixa terapêutica. Em condições específicas, a dosagem da 25OHVitD pode ser realizada após 6 meses de tratamento. (Cesareo et al., 2018)

 

REFERÊNCIAS:

Cesareo, R. et al. (2018) “Italian association of clinical endocrinologists (AME) and Italian chapter of the American association of clinical endocrinologists (AACE) position statement: Clinical management of vitamin D deficiency in adults”, Nutrients, 10(5), p. 1–22. doi: 10.3390/nu10050546.

Ferreira, C. E. S. et al. (2017) “Consensus – reference ranges of vitamin D [25(OH)D] from the Brazilian medical societies. Brazilian Society of Clinical Pathology/Laboratory Medicine (SBPC/ML) and Brazilian Society of Endocrinology and Metabolism (SBEM)”, Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial. SBPC, SBP, SBC, 53(6), p. 377–381. doi: 10.5935/1676-2444.20170060.

Medical Advisory Secretariat. Health Quality Ontario. (2010) Clinical utility of vitamin D testing: An evidence-based analysis, Ontario Health Technology Assessment Series.

Santos Junior, E. P. et al. (2011) “Epidemiologia da Deficiência de Vitamina D”, Revista Científica do ITPAC, 4(3), p. 1–5.

Zhang, R. e Naughton, D. P. (2010) “Vitamin D in health and disease: Current perspectives”, Nutrition Journal. BioMed Central Ltd, 9(1), p. 65. doi: 10.1186/1475-2891-9-65.

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