Objetivo é levar o conhecimento de salvar vidas a todas as escolas públicas e particulares de Campinas
O Projeto “Coração na Escola”, lançado nesta quarta-feira, dia 14, em Campinas, capacitou cerca de 120 pessoas, entre crianças e jovens alunos, professores e colaboradores de escolas públicas e privadas para prestarem primeiros socorros seguindo os padrões internacionais da American Heart Association.
O foco do projeto é instruir como agir em situações de parada cardiorrespiratória e engasgos, as que mais matam, tanto em crianças quanto em adultos. O primeiro dia de capacitação foi realizado em duas turmas no Instituto Educacional Dona Carminha e outras duas no Instituto Educacional Imaculada.
O projeto é uma iniciativa da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC), Hospital e Maternidade São Luiz Campinas (HSLC), da Rede D’Or, e Grupo Surgical Educação. Ele conta, ainda, com o apoio do programa Primeira Infância de Campinas (PIC) e do Movimento ‘Vai Lucas’.
De acordo com um dos idealizadores do projeto Dr. Marcelo Amade Camargo, vice-presidente da SMCC e diretor clínico do Hospital São Luiz, o “Coração na Escola” inova ao incluir alunos no processo de capacitação. “Nosso objetivo é fazer com que todo mundo seja capaz de atender uma emergência, uma urgência. E nada melhor do que nas escolas, em que a gente tem tanto os professores, quanto os colaboradores, quanto os próprios alunos. O diferencial desse projeto é envolver os alunos, que vão levar esses ensinamentos também para os grupos de amigos e para as famílias”, destaca. “As instituições promotoras têm o compromisso e o propósito de melhorar a saúde em nossa cidade e região, como forma de retribuição para a comunidade”, complementa.
A capacitação em primeiros socorros nas escolas ganhou destaque com a criação da “Lei Lucas” (Lei nº 13.722/2018), que tornou obrigatório esse tipo de treinamento para profissionais da educação. A lei foi sancionada após a morte de Lucas Begalli, de 10 anos, que sofreu asfixia durante um passeio escolar em 2017. Recentemente, em 2022, a morte de um aluno por parada cardiorrespiratória durante uma aula de educação física em Campinas reacendeu o debate sobre a importância da capacitação em primeiros socorros.
Para Andréa Zamora, tia do Lucas, fundadora do Movimento Vai Lucas e instrutora de primeiros socorros, o projeto “Coração na Escola” é uma iniciativa muito importante. “A gente acredita na lei, mas acredita também na mudança de conscientização da população inteira, e começando com as crianças. Essa é uma iniciativa fantástica, principalmente para começar e chamar a atenção para esse assunto”, avalia.
Instrutor e também idealizador do projeto, Luiz Guilherme Calderon destaca a importância de disseminar esse tipo de conhecimento. “Nosso objetivo é levar esse treinamento a todas as escolas privadas e públicas, primeiramente de Campinas e, se tudo der certo, a gente escala para o resto do Brasil. É um momento, para mim, de muita alegria, porque eu realmente acredito nesse tipo de ensinamento”, afirma. Ele lembra que, no caso de uma parada cardiorrespiratória, por exemplo, a cada um minuto, a vítima perde 10% de chance de sobreviver. Por isso é importante que tenha sempre alguém capacitado para prestar os primeiros socorros até a chegada de ajuda médica. “Os primeiros socorros salvam vidas”, reforça.
Aprendizado teórico e prático
Cada capacitação dura, em média, duas horas. Nesse período, os instrutores explicam a parte teórica e ensinam os alunos a aplicarem os novos conhecimentos de maneira prática, em manequins profissionais que simulam o corpo humano. A parte teórica inclui desde o reconhecimento do problema, seja parada cardiorrespiratória ou asfixia, até como abordar o paciente, segurança da cena e acionamento de resgate. Depois eles aprendem a fazer compressões torácicas em diferentes faixas etárias, uso do Desfibrilador Externo Automático (DEA) e manobras de desengasgos em adultos e crianças.
Os alunos que participaram da capacitação demonstraram grande interesse em aprender sobre o tema. Leonardo de Oliveira Lourenço, aluno do Ensino Médio do Instituto Educacional Imaculada, compartilhou sua experiência. “Eu gostei bastante, aprendi muito e me senti mais tranquilo. Caso aconteça uma tragédia, se Deus quiser não vai acontecer, mas caso aconteça, eu estou mais preparado”, diz. Já Pedro Andery, também do Colégio Imaculada, destacou a importância da capacitação. “Eu acho muito importante fazer esse tipo de treinamento. Quanto mais pessoas souberem, melhor, mais pessoas a gente consegue salvar, caso aconteça alguma coisa”, avalia.
Nesta quarta-feira, o projeto acontece no Centro Educacional de Assistência Social Menino Jesus de Praga.
Interessados em apoiar ou levar para sua escola o projeto “Coração na Escola” podem fazer contato pelo e-mail [email protected].