* Dra. Lorena Bedotti Ribeiro
Os linfomas são um tipo de câncer que se originam no sistema linfático, composto por linfonodos e tecidos que produzem as células (linfócitos) responsáveis pela defesa do nosso organismo por meio da produção de anticorpos e vasos que conduzem essas células pelo corpo.
Manifestam-se com ínguas (linfonodomegalias) endurecidas e indolores, podendo apresentar associado febre, suores noturnos, emagrecimento, cansaço e coceira no corpo. Conforme os locais acometidos podem ainda apresentar tosse, falta de ar, dor no peito, distensão e aumento do volume abdominal.
O diagnóstico definitivo de linfoma requer a realização de biópsia, com a retirada do tecido acometido (linfonodo inteiro ou tecido de outro órgão acometido) para análise microscópica das características. O estadiamento da doença pode ser feito através de tomografia por Emissão de Pósitrons (PET-CT), tomografia computadorizada, ressonância magnética, biópsia de medula óssea e punção de liquor (realizados conforme quadro clínico).
São divididos em linfomas Hodgkin (LH) e linfomas não Hodgkin (LNH). O LH se diferencia por apresentar células grandes e características no linfonodo acometido conhecidas como células de Reed-Sternberg, sendo classificado em dois subgrupos de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS): linfoma de Hodgkin clássico, que se subdivide em quatro subtipos (esclerose nodular, celularidade mista, depleção linfocitária e rico em linfócitos), e linfoma de Hodgkin predomínio linfocitário nodular. Os LNH não têm um tipo celular característico podendo representar mais de 40 tipos diferentes de linfoma.
O LH pode acometer qualquer faixa etária, sendo mais comum entre adolescentes e adultos jovens (15 a 29 anos), adultos (30 a 39 anos) e idosos (75 anos ou mais). De acordo com o site do INCA foram diagnosticados 2.640 novos casos em 2020, sendo mais comuns em homens (1.590). O LNH pode ocorrer em crianças, adolescentes e adultos, tornando-se mais comum à medida que as pessoas envelhecem. De acordo com o site do INCA foram diagnosticados 12.030 novos casos em 2020, sendo mais comuns em homens (6.580).
Com relação ao tratamento, o linfoma Hodgkin na maioria dos casos, é uma doença curável apresentando uma taxa de cura de mais de 85%. O tratamento clássico é a poliquimioterapia (múltiplas drogas) com ou sem radioterapia associada. Para os pacientes que sofrem recaídas ou que não respondem ao tratamento inicial as opções utilizadas são a poliquimioterapia, imunoterapia e transplante de medula óssea. A imunoterapia refere-se ao uso de medicamentos (anticorpos monoclonais produzidos em laboratório) que têm um alvo específico para um componente que há nas células do linfoma (exemplo: anticorpo anti CD30), induzindo o sistema imune a reagir contra ele; ou com medicamentos inibidores do ponto de controle imunológico que aumentam a resposta imunológica do corpo contra as células cancerígenas (exemplo: anti-PD-1), representando um enorme avanço para pacientes que não podiam ser curados com a quimioterapia convencional.
O tratamento dos linfomas não-Hodgkin é feito com quimioterapia, associação de quimioterapia com imunoterapia (anticorpos monoclonais) ou radioterapia. No caso dos LNH indolentes (crescimento relativamente lento), cerca de 40% dos casos, as opções de tratamento variam desde apenas observação clínica, até tratamentos bastante intensivos. Para os pacientes que sofrem recaídas ou que não respondem ao tratamento inicial as opções utilizadas são a poliquimioterapia, imunoterapia e transplante de medula óssea. A imunoterapia pode ser feita com anticorpos monoclonais (anti-CD20, Anti-CD19, anti-CD79B, anti-CD52 e anti-CD30) ou, mais recentemente, com a incorporação pioneira das CAR T-cells (linfócitos T com receptores antigênicos quiméricos), linfócitos retirados do paciente que são processados em laboratório adquirindo a capacidade de perseguir e eliminar as células do linfoma ao serem reintroduzidos no paciente.
Todos esses avanços recentes em diagnóstico e tratamento transformaram a onco-hematologia, conferindo um melhor prognóstico, expectativa e qualidade de vida aos pacientes.
Caso você tenha algum sintoma suspeito, procure um hematologista para avaliação!
Dra. Lorena Bedotti Ribeiro é hematologista e associada à SMCC