Hoje, 23 de setembro, é o Dia Mundial de Combate ao Estresse, um dos grandes males da modernidade. Ficar atento se os sintomas do estresse estão afetando sua vida de alguma forma é fundamental para iniciar um tratamento. Sobre este tema, conversamos com a psiquiatra Dra. Carmen Sylvia Ribeiro, do Departamento Científico de Psiquiatria da SMCC. Confira:
Como podemos definir o estresse?
O estresse é a defesa estabelecida pelo nosso corpo como resposta indispensável à adaptação a uma demanda física ou vivência psicológica. Ele é um mecanismo de adaptação à vida, ou seja, à sobrevivência. Cada vez que enfrentamos uma situação nova, nosso corpo promove liberação de hormônios para dar conta do enfrentamento, gerando uma reação de ansiedade.
A ansiedade representa as alterações fisiológicas e psicológicas atreladas ao estresse. A ansiedade desencadeia as mudanças no desempenho físico quando enfrentamos adversidades, nos permitindo reações como fuga ou enfrentamento das ameaças. Situações que causam impacto psicológico também desencadeiam ansiedade como, por exemplo, na antecipação de uma ameaça de demissão ou na tomada de decisões de grande responsabilidade. A ansiedade pode favorecer a adaptação até certo ponto, até que nosso organismo atinja um máximo de eficiência. Mas há limites.
Que tipo de problema de saúde ele nos causa?
A partir do ponto de uma exigência adaptativa excessiva, ao invés de contribuir para a adaptação, a ansiedade fará o contrário, ou seja, resultará na falência adaptativa e ocorrerá o esgotamento da capacidade adaptativa, podendo levar a sintomas críticos de ansiedade, como percepção de coração palpitante, a respiração ofegante e, muitas vezes, a pele transpirando, ou até mesmo sensações de tontura. Ao longo do tempo, e se não tratada, a ansiedade pode se cronificar, levando a quadros mais graves e ou sintomas depressivos por esgotamento e até mesmo doenças físicas atreladas ao estresse, como distúrbios metabólicos, doenças cardiovasculares, dermatológicas, fadiga crônica, cefaleias, entre outras.
Como o meio em que vivemos influencia nesses quadros de estresse?
Na atualidade, por conta das adversidades da sobrecarga de estresse na vida moderna, a ansiedade é contínua e crônica, propiciando cada vez mais a ineficiência do nosso sistema adaptativo e, consequentemente, a maior possibilidade de reações de esgotamento fisiológico e emocional decorrentes do estresse.
Ele também influencia em mudanças de comportamento? Como?
O estresse pode impactar no comportamento e escolhas do indivíduo, levando a comportamentos evitativos, uso de substâncias e álcool, buscando alívio e “anestesia emocional”, isolamento, esquiva fóbica, irritabilidade constante ou até mesmo perdas de relacionamento e emprego.
Como é feito o tratamento do estresse?
Identificar precocemente os sintomas e iniciar o quanto antes o tratamento é fundamental para prevenir complicações. Este pode ser feito através de intervenções, como psicoterapia de base cognitivo comportamental, técnicas de relaxamento e meditação para casos mais leves. Para os casos mais graves, além da psicoterapia, é imprescindível o tratamento médico de base farmacológica, que vai evitar complicações e mais danos à saúde física.