Levantamento da Secretaria de Saúde apontou que de janeiro a agosto deste ano ocorreram 24 casos de suicídios em Campinas. Se somados um período mais longo, de janeiro de 2017 a agosto deste ano, foram 81 casos. Desde a semana passada o município tem participado da campanha de conscientização “Setembro Amarelo” sobre suicídio.
Hoje agentes comunitários da Saúde que atuam nas regiões dos centros de saúde Boa Esperança e Vila 31 de Março realizaram na manhã desta terça-feira (11), na Praça Omar Cardoso, no Jardim Flamboyant, a “Caminhada pela Vida – Setembro Amarelo”. Cerca de 50 pessoas participaram do ato.
A ação marcou o Dia Internacional da Prevenção ao Suicídio, celebrado ontem (10). Segundo a psiquiatra Maryane Chanquete Pisce, a caminhada foi desenvolvida com o objetivo de alertar a população a respeito do suicídio. “É importante falarmos sobre o assunto e tem que ser falado com todos. Temos que ouvi-los e temos que falar também. O sofrimento de cada um é diferente. Temos que ter empatia pelo outro”, disse.
PROGRAMAÇÃO
As atividades da campanha em Campinas também incluirão um encontro com jornalistas sobre “Impacto jornalístico, ética e atitude” com a consultora Carolina Rodrigues da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC), hoje (11), às 19h. Também na SMCC, haverá uma mesa-redonda sobre “Suicídio e impacto na saúde e educação”, nesta quarta-feira (12), às 19h30. A mediação será do psiquiatra Fábio Fonseca.
Na quinta-feira (13), a PUC-Campinas promove a mesa-redonda “Suicídio no Ambiente Acadêmico”, mediada pelo professor e psiquiatra Eduardo Teixeira. A atividade será realizada no Anfiteatro Monsenhor Salim Campus II da PUC. Uma caminhada temática também está na programação no domingo (16). A largada será às 10h, na entrada principal da Lagoa do Taquaral.
A programação se encerra com uma palestra voltada para adolescentes e jovens no Auditório da Guarda Municipal de Campinas, às 9h e às 14h, na sexta-feira (28). A palestra será ministrada pela psicóloga do Ensino Social Profissionalizante (Espro) Jaqueline Vieira Lima (ESPRO e pelo voluntário do CVV, Nelson Alves Pego.
MAIS DADOS
No Brasil, há um suicídio a cada 45 minutos. Os dados mundiais indicam que ocorre uma tentativa a cada três segundos e um suicídio a cada 40 segundos. No total, chega-se a 1 milhão de suicídios no mundo. Provocar o fim da própria vida está entre as principais causas das mortes entre jovens, de 15 a 29 anos, e também de crianças e adolescentes.
Pelos dados da OMS, o suicídio é a terceira causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. É também a sétima causa de morte de crianças entre 10 e 14 anos de idade.
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) pretende lançar campanhas nas redes sociais ao longo deste mês para alertar sobre suicídio e oferecer apoio e ajuda. Antônio Geraldo da Silva disse que os especialistas devem abordar o assunto e buscar mais informações com psiquiatras.
A ABP quer levar isso para a população. “A ABP quer popularizar. Nós estamos levando isso para as escolas, empresas e instituições”, afirmou o médico. “O que entristece os membros da ABP é ver que as pessoas querem abordar o assunto, mas negando a doença mental, que a depressão ou a esquizofrenia existam.”
O médico acrescentou: “Se a gente negar que a doença mental existe, como vai falar de suicídio, sabendo que 100% de quem suicida têm doença mental?”. “É uma doença como outra qualquer. Não escolhe raça, cor, nada”.
DROGAS
O psiquiatra Jorge Jaber, membro fundador e associado da International Society of Addiction Medicine, especialista no tratamento de dependentes químicos, ressaltou que o uso de álcool e drogas é o segundo fator depois das doenças psiquiátricas, como ansiedade e depressão, que leva ao aumento de suicídios.
Segundo ele, o suicídio é a causa de morte mais facilmente evitável entre todas as doenças. “Enquanto doenças infecciosas, cardiovasculares e tumores precisam de grande aporte médico e cirúrgico de alto custo, o impedimento médico do suicídio pode ser atingido com remédios bem mais baratos e somente conversando com o paciente.”
Para Jaber, o fundamental é dar atenção e escutar aquele que pensa em cometer o suicídio. “O fato de alguém que tenta suicídio ser escutado por cerca de 20 minutos pode impedir que ele tenha o impulso de cometer o ato. Ouvir o suicida salva a vida dele”.
Na clínica onde atende dependentes químicos, Jaber informou que pelo menos 20% dos pacientes internados tentaram suicídio. “Quanto mais as pessoas falarem sobre o suicídio, menos suicídios ocorrerão” disse.
Fonte: acidadeon.com